segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O MODELO TEÓRICO GERATIVISTA

O MODELO TEÓRICO GERATIVISTA


Naturalmente, apenas postular a existência da Faculdade da Linguagem como 
um dispositivo inato que permite aos humanos desenvolver uma competência lingüística 
não resolvia todos os problemas da lingüística gerativa. Era (e ainda é) preciso 
descrever exatamente como é essa Faculdade, como ela funciona e como é possível que 
ela seja geneticamente determinada se as línguas do mundo parecem tão diferentes entre 
si. Para dar conta dessa aparente contradição entre a hipótese da Faculdade da 
Linguagem e os milhares de línguas existentes no planeta, os lingüistas da corrente 
gerativa vêm elaborando teorias que procuram explicar o funcionamento da linguagem 
na mente das pessoas. Ao observar os fatos das línguas naturais, um gerativista faz-se 
perguntas como: 
(i) o que há em comum entre todas as línguas humanas e de que maneira elas diferem 
entre si? 
(ii) em que consiste o conhecimento que um indivíduo possui quando é capaz de falar e 
compreender uma língua? 
(iii) como o indivíduo adquire esse conhecimento? 
(iv) de que maneira esse conhecimento é posto em uso pelo indivíduo? 
(v) quais são as sustentações físicas presentes no cérebro/mente que esse conhecimento 
recebe? 
 Para procurar responder perguntas como essas, a lingüística gerativa propõe-se a 
analisar a linguagem humana de uma forma matemática e abstrata (formal), que se 
afasta bastante do trabalho empírico da gramática tradicional, da lingüística estrutural e 
da sociolingüística, e se aproxima da linha interdisciplinar de estudos da mente humana 
conhecida como Ciências Cognitivas. A maneira pela qual tais perguntas vêm sendo 
respondidas constitui o modelo teórico do gerativismo. 
 Ao longo dos anos, lingüistas de todas as partes do mundo (inclusive do Brasil, 
desde a década de 70) têm trabalhado na formulação e no refinamento do modelo 
teórico gerativista. O mais importante deles é o próprio Chomsky, mas existem muitos 
estudiosos que dele discordam e acabam formalizando modelos alternativos, que às 
vezes divergem crucialmente do modelo chomskyano. Não há qualquer dúvida de que 
Chomsky seja não só o criador, mas principalmente o mais influente teórico da 
lingüística gerativa – e um dos mais importantes estudiosos da linguagem de todos os 
tempos –, no entanto não se deve traçar um sinal de igual entre Chomsky e o 
gerativismo. É muito comum encontrarmos gerativistas que não são chomskyanos, 
apesar de, quase sempre, ser chomskyano significa ser gerativista. Vejamos a seguir as 
principais características dos modelos chomskyanos (e convidamos o leitor, ao avançar 
em seus estudos, a conhecer os modelos diferentes).

KENEDY, E. Gerativismo. In: Mário Eduardo Toscano Martelotta. (Org.). In.: Manual de lingüística. São Paulo: 

Contexto, 2008, v. 1, p. 127-140. 

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